Empresas Digitais Migram para o Físico no Pós-Pandemia

Durante os últimos anos, o e-commerce consolidou sua posição como um canal essencial de vendas, oferecendo praticidade e conveniência aos consumidores. No entanto, uma nova tendência tem se destacado: marcas originalmente digitais estão expandindo suas operações para o mundo físico. Este movimento reflete não apenas a evolução do varejo, mas também uma tentativa de atender às expectativas de experiências mais completas dos consumidores.

De acordo com um levantamento da Shopify, que utilizou dados da National Retail Federation, os shoppings estão recuperando relevância no pós-pandemia, atraindo principalmente a Geração Z. Esse grupo busca integrar as experiências online às do mundo real. A pesquisa revelou que 80% do volume global de vendas no varejo ainda ocorre no ambiente físico. Essa preferência reflete o desejo por uma interação direta com produtos e um atendimento mais personalizado.

Marcelo Cherto, fundador da Cherto Consultoria e pioneiro do franchising no Brasil, destaca que a possibilidade de ver, tocar e experimentar produtos é um diferencial das lojas físicas. "Isso aumenta a confiança do consumidor, incentivando compras repetidas, inclusive pelos canais digitais", afirmou. Cherto também aponta que a presença física reforça a credibilidade da marca, criando conexões profundas com os clientes.

Vantagens do Espaço Físico

Um estudo do Conselho Internacional de Shopping Centers (ICSC) no Canadá revelou que abrir uma loja física pode aumentar em média 37% o tráfego no site da marca. Para Jamberly Mattos, consultor financeiro, essa migração para o físico é um exemplo do conceito OmniChannel, no qual empresas conectam diversos canais, como lojas físicas, e-commerce, delivery e take-out. “O pós-pandemia mostrou que muitos consumidores visitam lojas para experimentar produtos e depois concluem a compra online”, explicou.

Luís Alberto de Paiva, economista e especialista em reestruturação de empresas, reforça que o varejo está explorando novos e antigos modelos de negócio. "A Geração Z tem sido atraída por lojas físicas que oferecem experiências imersivas. Esses espaços funcionam tanto como pontos de venda quanto como elementos de fidelização para os produtos oferecidos online", analisou.

Histórias de Sucesso

Empresas brasileiras estão entre as protagonistas desse movimento. O Magazine Luiza, amplamente reconhecido por sua força no e-commerce, inaugurou recentemente uma megaloja na Avenida Paulista. Já o Enjoei, que nasceu como uma plataforma digital, abriu três lojas físicas em 2024 e planeja continuar expandindo. O Grupo Petlove também adotou uma estratégia semelhante, equilibrando o digital com espaços físicos.

No setor de moda, marcas como a pernambucana Uso Assim e a NIINI, de Carol Celico, também trilharam esse caminho. Ambas iniciaram no digital e decidiram investir em lojas físicas para oferecer experiências sensoriais aos seus clientes.

Marianna Bezerra, fundadora da L'Avière Joias, exemplifica como essa transição pode fortalecer uma marca. "No digital, alcançamos mais pessoas, mas é no físico que criamos conexões mais profundas", disse. Apesar dos desafios iniciais, como reformas e escolha do ponto ideal, sua loja física tornou-se essencial para a estratégia da marca.

A ABÊ Sunglasses, liderada por Augusto Braz, seguiu um caminho semelhante. Iniciando as vendas online durante a pandemia, Braz percebeu que o contato direto com o produto era essencial. A abertura de uma loja física foi um divisor de águas, permitindo uma experiência mais rica e aumentando a credibilidade da marca.

Conclusão

A integração de canais físicos e digitais é uma tendência que veio para ficar. Enquanto o e-commerce garante alcance e conveniência, as lojas físicas oferecem experiências imersivas e oportunidades de fidelização. Como mostram os exemplos, o futuro do varejo está no equilíbrio entre esses dois mundos.

Fonte: Correio Braziliense

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